A inspeção de um SPDA o que verificar? Qual a periodicidade?

O assunto é tratado nas partes 3 e 4 da ABNT NBR 5419:2015 e é de fundamental importância em várias etapas do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA).



A rigor, a inspeção deveria iniciar no projeto, pois é comum encontrarmos documentos incompletos, contendo cálculos errados ou ainda especificando incorretamente o material,  infelizmente, é raro este procedimento ser adotado.

Se seu SPDA não tiver as vistorias ou manutenções preventivas, caso a edificação seja atingida por um raio ou este caísse nas proximidades, as consequências poderiam ser graves, podendo ir de choque elétrico, queima de equipamentos até incêndio dentro da edificação.  A NBR5419 prevê manutenções periódicas do sistema, segundo a norma, essas inspeções visam submeter a SPDA a análises visuais e verificações de parâmetros da instalação para detecção de:

  • Existência de documentação correta e completa no local. Sem ela não há como obter referência para a realização de uma inspeção coerente;
  • Se o SPDA e as MPSs instalados mantém-se conforme documentação existente;
  • Se os componentes da PDA estão em bom estado de conservação, com conexões e fixações bem feitas e livres do efeito da corrosão;

É importante destacar que, na inspeção, o subsistema de aterramento convencional será submetido a ensaios de continuidade elétrica para definir sua integridade física e eficiência.

No caso de a inspeção apresentar item de adequação/manutenção:

  • Para o SPDA, o responsável pela estrutura deve ser informado de todas as irregularidades observadas por meio de relatório técnico emitido após cada inspeção periódica. Cabe ao profissional emitente da documentação recomendar, baseado nos danos encontrados, o prazo de manutenção no sistema, que pode variar desde “imediato” a “item de manutenção preventiva”;
  • Para as MPSs, todos os problemas relacionados no relatório, incluindo discrepâncias na documentação, devem ser corrigidos imediatamente.

A regularidade das inspeções é condição fundamental para a confiabilidade da SPDA. Essas inspeções completas têm a seguinte periodicidade definida pela ABNT NBR 5419:2015:

  • Um ano para estruturas contendo munição ou explosivos, ou em locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas, ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.), ou ainda estruturas pertencentes a fornecedores de serviços considerados essenciais (energia, água, telecomunicações etc.);
  • Três anos para as demais estruturas.

 

O item 7, da NBR5419/2015 parte 3, estabelece as condições para inspeção, manutenção e documentação de um SPDA. De acordo com esta norma, existem basicamente 2 tipos de inspeção:

1. Inspeção visual semestral

Consiste basicamente em checar visualmente o projeto, analisar se está de acordo com a norma vigente, e verificar “in loco” se a instalação está de acordo com o projeto. Este tipo de inspeção deverá ser feito em todas edificações, independente do nível de proteção, e deverá ser emitido um relatório técnico, apontando as não conformidades de acordo com os seguintes itens a serem analisados:

  • Documentações, tais como gerenciamento de risco, projeto detalhado e características da qualidade do solo (em casos específicos).
  • Se as fixações dos condutores estão firmes e espaçadas a cada 1m na horizontal e 1,5m na vertical.
  • Se os condutores estão em bom estado de conservação sem formação de pilha galvânica ou ferrugem.
  • Se os cabos usados na captação, descidas e aterramento são normatizados (NBR5419 e NBR6524).
  • Se existem conexões mecânicas enterradas e enferrujadas.
  • Se as distâncias de segurança estão sendo obedecidas.
  • Se o subsistema de captação está corretamente posicionado e dimensionado, o mesmo vale para as descidas, aterramento e equipotencialização.

2. Inspeção completa

Esta inspeção deverá incluir a inspeção visual mencionada no item 1 e eventuais ensaios de continuidade elétrica nas seguintes condições:

SPDA natural

  • Testes de continuidade elétrica conforme prescrito na norma, das descidas e eletrodo de aterramento (teste inicial e teste final);
  • Equipotencializações;

SPDA não natural (Convencional)

  • No caso de descidas embutidas no reboco da fachada ou debaixo de fachada aerada;
  • Aterramentos existentes;
  • Equipotencializações;

Atenção: Já abordamos esta alteração da norma em outra matéria em nosso Blog, só para lembrar, para este ensaio não pode ser usado terrômetro ou alicate terrômetro, deverá ser usado miliohmímetro ou microhmímetro que gere pelo menos 1 ampere em corrente contínua.

O que deve constar no Relatório de Inspeção do SPDA?

O resultado do serviço de inspeção deverá ser um relatório técnico que descreve o tipo de inspeção realizada e os respectivos ensaios, caso tenham sido necessários. Além disto, este documento também deverá apontar se a instalação está atendendo a última versão da norma. Caso a edificação esteja fora de norma, o relatório deverá RECOMENDAR a realização de um projeto de adequação do SPDA, cabendo ao cliente a decisão de adequar ou não.

Para  projeto de adequação, poderá incluir os testes de continuidade elétrica da estrutura de concreto armado para tentar realizar um sistema natural..

O papel do engenheiro é fazer com que o cliente tenha ciência do risco que corre, com relação a eventuais perícias, fiscalização do Ministério do Trabalho, seguradoras, certificações e principalmente com a própria segurança da edificação.

 

 

Fontes: Termotécnica  e  Revista O Setor Elétrico

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