ATERRAMENTO ELÉTRICO ainda tem dúvidas?
O aterramento elétrico, com certeza, gera muitas dúvidas quanto às normas e procedimentos no que se refere ao projeto
elétrico residencial ou industrial.
Mas o que é o “terra”? Qual a diferença entre terra,
neutro? O que é massa?
Quais são as normas que devo seguir para garantir um bom
aterramento ?
Muitas vezes, um aterramento mal feito, ocasiona a queima,
ou pior, o choque elétrico nos operadores desses equipamentos.
O aterramento elétrico tem três funções principais :
a –
Proteger o usuário do equipamento das descargas atmosféricas, através da
viabilização de um caminho alternativo para a terra, de descargas atmosféricas.
b – “
Descarregar” cargas estáticas acumuladas nas carcaças das máquinas ou
equipamentos para a terra.
c –
Facilitar o funcionamento dos dispositivos de proteção ( fusíveis, disjuntores,
etc. ), através da corrente desviada para a terra.
TERRA, NEUTRO E MASSA
Vamos tomar como exemplo uma ligação de um PC à rede
elétrica, que possui duas fases (+110 VCA, - 110 VCA), e um neutro.
Segundo Capelli, essa alimentação é fornecida pela concessionária
de energia elétrica, que somente liga a caixa de entrada ao poste externo se
houver uma haste de aterramento padrão dentro do ambiente do usuário.
Além disso, a concessionária também exige dois disjuntores
de proteção.
Teoricamente, o terminal neutro da concessionária deve
ter potencial igual a 0(zero) volt. Porém, devido ao desbalanceamento nas fases
do transformador de distribuição, é comum esse terminal tender a assumir
potenciais diferentes de zero.
O desbalanceamento de fases ocorre quando temos
consumidores com necessidades de potências muito distintas, ligadas em um mesmo
link.
Por exemplo, um transformador alimenta, em um setor seu,
uma residência comum, e no outro setor, um pequeno supermercado. Essa diferença
de demanda, em um mesmo link, pode fazer com que o neutro varie seu potencial (flutue).
Para evitar que esse potencial “flutue”, ligamos (logo na entrada) o fio neutro
a uma haste de terra. Sendo assim, qualquer potencial que tender a aparecer
será escoado para a terra.
Ainda analisando o circuito abaixo , vemos que o
PC está ligado em 110VCA, pois utiliza uma fase e o neutro.
Figura 1 – autor: Alexandre Capelli
Ao mesmo tempo, ligamos sua carcaça através de outro
condutor na mesma haste, e damos o nome desse condutor de “terra”.
Mas, se o neutro e o terra estão conectados ao mesmo ponto
(haste de aterramento), porque um é chamado de terra e o outro de neutro?
Por definição:
·
o
neutro é um “condutor” fornecido pela concessionária de energia
elétrica, pelo qual há o “retorno” da corrente elétrica.
·
O
terra é um condutor construído através de uma haste metálica e que, em
situações normais, não deve possuir corrente elétrica circulante.
Ainda segundo Capelli, a diferença entre terra e neutro é
que, pelo neutro há corrente circulando, e pelo terra, não.
O fio terra, por norma, vem identificado pelas letras PE,
e deve ser de cor verde e amarela.
Notem ainda que ele está ligado à carcaça do PC. A
carcaça do PC, ou de qualquer outro equipamento é o que chamamos de “massa”.
Portanto, a função do aterramento é proporcionar uma
referência comum para as tensões do sistema. A Terra, por apresentar o mesmo
potencial em todos os pontos sob condições normais, pode ser considerada o
potencial neutro ou zero, em relação ao qual se mede
todas as outras tensões.
O potencial da Terra se mantém uniforme porque existe um
certa condutividade do solo, que tende a uniformizar a distribuição das cargas
eletrostáticas na sua superfície, impedindo que as cargas elétricas se acumulem
em determinadas regiões. Em virtude da terra ser um (mau) condutor, ocorre que,
de fato, pode haver corrente de retorno se um sistema elétrico desequilibrado
for aterrado. Mas essa função de caminho de retorno deve ser a atribuição do
condutor neutro que conecta os pontos comuns na ligação trifásica a 4 fios
(Y-Y).
TIPOS DE ATERRAMENTO
A NBR 5410, possui as subseções : 6.3.3.1.1, 6.3.3.1.2, e 6.3.3.1.3 referem-se aos possíveis
sistemas de aterramento que podem ser feitos na indústria.
Se pertencentes a uma mesma edificação
as massas devem necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo de aterramento.
Se situadas em diferentes edificações podem, em princípio, estar ligadas a
eletrodos de aterramento distintos, com cada grupo de massas associado ao
eletrodo de aterramento da edificação respectiva.
Na classificação dos esquemas de aterramento é utilizada
a seguinte identificação:
― primeira letra – Situação da alimentação em relação à
terra:
• T = um ponto diretamente aterrado;
•
I
= isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um
ponto através de impedância;
― segunda letra – Situação das massas da instalação
elétrica em relação à terra:
•
T = massas diretamente aterradas,
independentemente do aterramento eventual de um ponto da alimentação;
•
N = massas ligadas ao ponto da
alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o
ponto neutro);
― outras letras (eventuais) – Disposição do condutor
neutro e do condutor de proteção:
• S = funções de neutro e de proteção
asseguradas por condutores distintos;
• C = funções de neutro e de proteção combinadas
em um único condutor (condutor PEN).
Os três sistemas da NBR 5410 mais utilizados na indústria
são :
a –
Sistema TN-S :
Notem
pela figura a seguir que temos o
secundário de um transformador (cabine primária trifásica) ligado em Y.
O neutro é aterrado logo na entrada, e levado até a carga. Paralelamente, outro
condutor identificado como PE é utilizado como fio terra, e é conectado à
carcaça (massa) do equipamento.
Figura 2- autor: Alexandre Capelli
b –
Sistema TN-C:
Embora normalizado, não é aconselhável, pois o fio terra e o neutro são constituídos pelo mesmo condutor. Dessa vez, sua identificação é PEN (e não PE, como o anterior). Podemos notar pela figura a seguir que, após o neutro ser aterrado na entrada, ele próprio é ligado ao neutro e à massa do equipamento.
Embora normalizado, não é aconselhável, pois o fio terra e o neutro são constituídos pelo mesmo condutor. Dessa vez, sua identificação é PEN (e não PE, como o anterior). Podemos notar pela figura a seguir que, após o neutro ser aterrado na entrada, ele próprio é ligado ao neutro e à massa do equipamento.
Figura 3- autor: Alexandre Capelli
c –
Sistema TT :
Esse
sistema é o mais eficiente de todos. Na figura
abaixo, vemos que o neutro é aterrado logo na entrada e segue (como
neutro) até a carga (equipamento). A massa do equipamento é aterrada com uma
haste própria, independente da haste de aterramento do neutro.
Figura 4- autor: Alexandre Capelli
De
maneira geral, sempre que possível, optar pelo sistema TT em 1º lugar. Caso,
por razões operacionais e estruturais do local, não seja possível o sistema TT,
optar pelo sistema TN-S.
Somente optar pelo sistema TNC em último caso, isto é,
quando realmente for impossível estabelecer qualquer um dos dois sistemas
anteriores.
A resistividade e tipo do solo, geometria e constituição
da haste de aterramento, formato em que as hastes são distribuídas, são alguns
dos fatores que influenciam o valor da resistência do aterramento.
O valor ideal para um bom aterramento deve apresentar
resistividade menor ou igual a 5Ω. Dependendo da química do solo (quantidade de
água, salinidade, alcalinidade, etc.), mais de uma haste pode se fazer
necessária para nos aproximarmos desse valor.
Caso isso ocorra, existem duas possibilidades:
- tratamento químico do solo,
- e o agrupamento de barras em paralelo.
O tratamento químico tem uma grande desvantagem em
relação ao aumento do número de hastes, pois a terra, aos poucos, absorve os
elementos adicionados. Com o passar do tempo, sua resistência volta a aumentar,
portanto, essa alternativa deve ser o último recurso.
Temos vários produtos que podem ser colocados no solo
antes ou depois da instalação da haste para diminuirmos a resistividade do
solo. A Bentonita e o Gel são os mais utilizados.
A haste de aterramento normalmente, é feita de uma alma
de aço revestida de cobre. Seu comprimento pode variar de 1,5 a 4,0m. As de
2,5m são as mais utilizadas, pois diminuem o risco de atingirem dutos
subterrâneos em sua instalação.
Atenção! Em baixa tensão é a proibição (por
norma) de tratamento químico do solo para equipamentos a serem instalados em
locais de acesso público (colunas de semáforos, caixas telefônicas, controladores
de tráfego, etc.). Essa medida visa a segurança das pessoas nesses locais.
Conclusão
Como conclusão sobre a importância do aterramento do neutro
e do fio de retorno para a qualidade da energia elétrica podemos destacar os
seguintes pontos:
• reduz-se
o risco de sobretensões nas fases;
• aumenta-se
a segurança contra descargas ao toque;
• aumenta-se
a confiabilidade da proteção;
• reduz-se
o risco de mau funcionamento de equipamentos;
• diminui
o risco de falta sustentada de fase;
• pode-se
detectar a presença de harmônicas múltiplas de três;
• viabiliza
o atendimento de cargas monofásicas sem desequilibrar as tensões.
Referências:
·
Capelli,
Alexandre - Aterramento Elétrico
·
Deckmann
,S. M. e Pomilio ,J. A. - A importância do aterramento na Qualidade da
Energia
·
NBR5410:2005
·
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